O ser-humano é um ser vaidoso. Falo isso baseado na observação. E é claro que tal constatação começa em mim. A palavra vaidade tem várias definições. Em suma, o conceito do que falo aqui está no fato de a pessoa agir levando em conta apenas os seus interesses, com o objetivo de conquistar a admiração alheia. É o popular “gostar de aparecer”.
Quando deixamos a vaidade nos guiar, esquecemo-nos das motivações nobres que deveriam nortear nossas ações. E, mesmo que façamos coisas certas, nossa motivação já está depositada no lugar errado. O livro de Eclesiastes nos alerta para o perigo da vaidade. E um desses perigos está em nos colocarmos como centro do universo, esquecendo-nos do próximo. Com isso, abandonamos a busca pela comunhão, palavra tão falada, mas nem sempre compreendida.
A comunhão, antes de depender que pessoas estejam em um mesmo local, tem a ver com o amor que une e torna pessoas tão diferentes irmãs. Não é tarefa fácil. Eu mesmo tenho bastante dificuldade em absorver e viver essa realidade. Não é automático abrir mão do nosso egoísmo em prol de construir, com o outro, uma história de comunhão e dependência saudável.
Paulo, quando escreveu aos filipenses, fez um pedido: “completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.” (Filipenses 2.2-4, NVI)
Não sei quanto a você, mas para mim é muito difícil seguir essa orientação. Assumo minha incapacidade de cuidar sempre dos interesses dos outros e, principalmente, considerá-los superiores a mim. É preciso cultivar uma humildade que estou longe de possuir. Mas não é impossível: foi isso que Paulo fez. Basta ler seus relatos na Bíblia e perceber.
No entanto, o maior exemplo veio do próprio Jesus, “que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2.6-8, NVI)
Sem tal postura, não há comunhão. E sem comunhão não existe vida cristã; é impossível seguir os passos de Cristo sem as pessoas. Sem caminhar junto e partir o pão com o próximo. Ele deu o exemplo. Foi servo a ponto de lavar os pés daqueles que com Ele andavam. Mas a coisa mais preciosa que entregou foi a própria vida.
E nós, o que vamos fazer? Continuar fingindo que servimos ao Evangelho, enquanto, com nossas atitudes, empurramos as pessoas para longe de nós? Ou vamos reconhecer que, antes de qualquer regra ou tradição, é preciso amar como Ele amou?
Vamos pensar nisso juntos?
Rafael Rocha
rafaelrocha@portaldt.com