Catolicismo e Cristianismo - Sacramentos (2ª Parte)

Sacramentos e a Bíblia
A Igreja Católica ensina que a Bíblia é a Palavra de Deus, portanto, eu gostaria de examinar o que a Bíblia tem a dizer sobre os sacramentos que são praticados pela Igreja Católica. A palavra sacramento não aparece na Bíblia, contudo, há lugares nas Escrituras onde vemos atos ou mandamentos que são semelhantes a alguns dos sacramentos. A seguir, vai uma comparação e contraste:

Batismo
A palavra batismo, ou uma forma desta palavra, aparece 96 vezes na Bíblia e o ato do batismo é referido em uns poucos outros lugares, ainda que não pelo nome. Todas estas referências ocorrem no Novo Testamento.

Em comparação, algo do que a Igreja Católica ensina sobre batismo é confirmado pela Bíblia. O batismo foi ordenado por Cristo como parte do modo de fazer discípulos. É um batismo nas águas e seu propósito é para a remissão de pecado. É neste ponto do batismo que uma pessoa obtém salvação e se torna membro da igreja de Cristo. (Veja Mateus 28:19; Marcos 16:16; Atos 2:38,41; Gálatas 3:26,27; e 1 Pedro 3:20,21.)

Em contraste, há várias coisas sobre o batismo católico que não são encontradas nas Escrituras. Estes aspectos são: o batismo de recém-nascidos, o conceito de pecado original e o ato da aspersão, em vez da imersão.

Todas as ocasiões de batismo relatadas nas Escrituras envolvem adultos. De modo a ser batizada, cada pessoa tinha que confessar sua fé que Jesus é o Filho de Deus e arrepender-se de seus pecados. Não há exemplos de crianças pequenas sendo batizadas porque elas são incapazes desses dois atos.

A Bíblia não ensina o conceito de "pecado original". O batismo é o ponto em que a pessoa recebe o perdão se seus próprios pecados. No capítulo 18 do livro de Ezequiel, Deus explicou ao profeta que cada pessoa é tida como responsável por seus próprios pecados e as pessoas não podem ser responsabilizadas pelos pecados de seus ascendentes. Meu entendimento das Escrituras a respeito do assunto é que todos os seres humanos sofrem as conseqüências físicas do pecado de Adão e Eva sendo separados da árvore da vida, mas Deus não responsabiliza ninguém pelos pecados de outros, inclusive os de Adão e Eva.

A palavra "batismo" nas Escrituras, quando traduzida literalmente, significa "consistente de processos de imersão, submersão e emersão (de bapto, mergulhar)" (W.E. Vine, Dicionário Expositivo de Palavras do Velho e do Novo Testamento). Os batismos que aconteceram quando Jesus e os apóstolos estavam na terra não foram uma aspersão ou derramamento de água. Os crentes que foram batizados foram inteiramente imersos em água. João, por exemplo, batizava numa parte do rio Jordão que tinha muita água (João 3:23), capacitando-o a imergir completamente aqueles que vinham a ele. O capítulo 6 da carta de Paulo aos Romanos explica o simbolismo da imersão. "Ou vocês não sabem que todos nós, que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Pelo batismo fomos sepultados com ele na morte, para que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos por meio da glória do Pai, assim também nós possamos caminhar numa vida nova" (6:3-4). Quando uma pessoa é abaixada na água e coberta, isso é muito parecido com um sepultamento. Quando essa mesma pessoa é levantada da água, é como uma ressurreição dos mortos. O batismo é o ponto no qual uma pessoa morre para o pecado e começa uma nova vida espiritual.

Confissão
O ato de confessar pecado é parte tanto do Velho como do Novo Testamento. Sob a velha aliança, os sacerdotes e guias confessavam seus próprios pecados e os pecados do povo a Deus (Levítico 16:21; Esdras 10:1, 11; Neemias 9:2, 3). Freqüentemente, esta confissão era ligada com os dias santos ou com os sacrifícios individuais pelo pecado. As pessoas também confessavam seus próprios pecados diretamente a Deus, em oração, ou os confessavam uns aos outros (Números 5:7; Josué 7:19-21; Daniel 9:4,5,20).

Sob a nova aliança as pessoas foram mandadas confessar seus pecados umas às outras (Tiago 5:16) e foram asseguradas de que Deus as perdoaria (1 João 1:9). Sob a nova aliança, o povo não confessa seus pecados aos sacerdotes, porque não havia nenhuma classe especial de sacerdotes na igreja no Novo Testamento. Em sua primeira carta, Pedro, o apóstolo, esclareceu que todos os cristãos são parte do santo sacerdócio que oferece sacrifícios espirituais aceitáveis por Deus, através de Cristo Jesus (1 Pedro 2:5). A confissão mencionada nas Escrituras também não parece ter sido parte de qualquer cerimônia em particular.

Santa Comunhão
O sacramento da Santa Comunhão tem suas raízes nas Escrituras. Conforme mencionado na missa, Jesus instituiu este memorial na noite em que foi traído. Ele também instruiu seus discípulos a continuarem esta ceia especial em sua memória. Três das narrativas dos evangelhos registram este evento significativo: Mateus 26:26-29; Marcos 14:22-25 e Lucas 22:14-20. Em sua primeira carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo dá instruções sobre a história e o propósito da Ceia do Senhor (11:23-34). Ele também da orientações sobre a maneira como deve ser recebida.

A Bíblia sugere que os discípulos dos primeiros dias da igreja se reuniam no primeiro dia da semana para partilhar a Ceia do Senhor (Atos 20:7). Tanto o pão como o fruto da videira eram tomados todas as vezes em que participavam desta comemoração da morte de Cristo. A Bíblia não menciona o conceito de transubstanciação.

Crisma
A palavra "crisma" (ou "confirmação") não aparece na Bíblia e eu não posso localizar qualquer cerimônia ou comportamento nas Escrituras que seja comparável com esta prática católica.

Ordens Sacras
O termo Ordens Sacras não aparece na Bíblia, e não há cerimônias ou comportamentos no Novo Testamento que sejam comparáveis com a prática católica de ordenar sacerdotes. Como foi mencionado antes, não havia classe especial de sacerdotes na igreja cristã primitiva.

Nas ocasiões quando evangelistas, aqueles que eram sustentados para pregar a palavra de Deus, saíam para uma jornada, seus colaboradores os despediam com uma "imposição de mãos" (veja, por exemplo, Atos 13:1-3). Esta prática, contudo, não era nenhum tipo de ordenação, mas muito mais parecida com um costume representando uma bênção à obra a ser cumprida.

No Velho Testamento, Deus deu instruções muito especiais sobre como os sacerdotes teriam que assumir seu papel de guias espirituais de Israel. Aquelas práticas, contudo, aplicavam-se somente à fé judaica, porque os deveres sacerdotais estavam ligados diretamente ao serviço no templo, envolvendo sacrifícios de animais e adesão à lei judaica. Estas práticas da velha aliança entre Deus e Israel não são parte da nova aliança entre Jesus e seus seguidores.

Matrimônio
O sacramento do matrimônio não é mencionado na Bíblia. Há ocasiões nas Escrituras quando casamento e bodas são mencionados, mas em nenhuma destas instâncias a união do homem com a mulher é parte de uma cerimônia religiosa. Há mandamentos dados nas Escrituras sobre a necessidade de fidelidade no casamento e os papéis do esposo e da esposa, e o casamento poderia certamente cair dentro dos mandamentos gerais para se obedecerem as leis do governo (Romanos 13:1,2 e 1 Pedro 2:13-17). Além destes regulamentos, a Bíblia não diz como, quando ou porque o casal deverá ser unido. Ela também não indica que qualquer graça especial seja recebida por um casal no dia das suas bodas.

Unção dos Enfermos
A Epístola de Tiago, capítulo 5, versículos 14 e 15 diz: "Alguém de vocês está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que rezem por ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé salvará o doente: o Senhor o levantará e, se ele tiver pecados, será perdoado." Isto soa muito semelhante à prática católica de ungir os doentes, contudo, na Bíblia, a oração e a unção são feitas pelos presbíteros, não por um padre.

No Velho Testamento há várias ocasiões em que pessoas que estão próximas da morte dão bênçãos àqueles que permanecerão na terra depois de sua partida; contudo, não há instâncias de uma bênção dada à pessoa que está morrendo.

Resumo
Pelo exame, vimos que alguns dos sacramentos são semelhantes a práticas encontradas nas Escrituras enquanto outros não são de modo algum encontrados nas Escrituras, de forma nenhuma. Descobrimos, também, que além do batismo e da Ceia do Senhor, e unção dos doentes com o propósito de restaurar a saúde, os sacramentos praticados pela Igreja Católica não são registrados nas Escrituras como práticas religiosas formais na igreja cristã primitiva.
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Amanhã falaremos sobre o papel da Virgem Maria.
Não Percam!