Evangelho em prosa: A (in)certeza dos relacionamentos


No início de 2011, tenho pensado muito a respeito de relacionamentos. Acho até que esse assunto domina meus pensamentos na maior parte do tempo, mas recentemente as reflexões tomaram outra forma.

Minha atenção passou a algo que me intriga e me instiga: a incerteza! É nela que reside a maior parte da beleza de um relacionamento: ele nunca é estável, certo ou seguro. É justamente o contrário. Seja um casamento, um namoro, uma amizade... A insegurança é a única certeza.

Os adeptos da segurança hão de questionar o porquê de a beleza, para mim, residir na incerteza. Algo que considero bem simples. É na incerteza que o Amor verdadeiro pode nascer. É na insegurança que o desejo pode subsistir. É no não saber o futuro que o querer se assenta.

Creio que nunca será possível alcançar a certeza de que o outro nos ama. Garantia só podemos ter daquilo que sentimos. Mesmo assim, isso nem sempre é real. Às vezes temos dúvida. Não é problema. O exercício de deixar o Amor fluir, a despeito da dúvida, constrói relacionamentos mais fortes, duradouros... O outro, penso eu, será sempre um ambiente incerto, onde mora a dúvida. Acreditar no que o outro diz sentir por nós será sempre um risco!

A quem gosta de segurança o tempo todo, o melhor a fazer é evitar relacionamentos. Não adianta, a certeza não é possível. Relacionar-se é arriscar-se a transitar por um território desconhecido, ainda não trilhado.

Mesmo que nós sejamos certeza, o outro será sempre um risco. O próximo será sempre uma possibilidade, uma aposta. Que pode ou não dar certo.

Quando não dá certo, a gente se machuca. Mas apenas um acerto tem o poder de anular a dor das apostas que não deram certo. O meu risco eu assumo diariamente! Na esperança de sempre acertar...

Consciente de que Deus assumiu toda a responsabilidade quando decidiu relacionar-se comigo. E também com você!

Rafael Rocha
rafaelrocha@portaldt.com